Olhares cruzados
ENQUANTO CERTO DIA pela tarde ele
passava a frente das minhas vistas, imaginei o quão proibido era a jangada que
eu estava traçando. Olhei para o menino, e ele... me olhava de volta, ali, no
meio da rua.
O brilho do sol iluminavam a
beleza de sua face, a riqueza dos olhos, e os olhos são os primeiros sinais de
minha sagacidade interna. Estava eu sentado, e a meu lado dois colegas, e eles
não poderiam saber de minha história, nem tampouco do que acontecia ali, na
rua, o meu olhar e o dele a se cruzar. Nossos corações começaram a bombear vida
cada vez mais freneticamente e meu fôlego já era visível, estava praticamente
me relacionando com aquele rapaz, ali, na rua!
Mas, o rapaz, sozinho passava, e
continuava a me olhar, enquanto que meus amigos nada viam, nada é claro além
das fotos de mulheres peladas que chegavam em seus celulares através de uma
conversa! Eles tinham o que lhe entreter, eu acabara de encontrar o meu.
O rapaz acabara de cruzar a rua,
foi em direção de uma árvore onde fazia sombra para o mundo quente, ou talvez o
calor e o queimar que eu sentia fossem do inesperado, fosse desse fenômeno que
acabara de acontecer. Ele parou em baixo da árvore, olhou-me novamente e
resolveu seguir entrando em uma rua vazia, onde a população de árvores e
pássaros era maior que a de seres humanos.
Naquele momento, trêmulo e sem fôlego,
levantei-me e me despedir dos colegas!
-Ei! Vou ter que sair! Mais tarde
volto por aqui! Falei.
-Tranquilo! Estaremos por aqui! Falou
sorrindo um dos meus amigos enquanto o outro acenava confirmando com a cabeça.
Nesse momento segui
tranquilamente, não queria que as pessoas imaginassem ou soubessem o que eu
realmente poderia fazer, porque eu já tinha imaginado tantas bobagens, mas são
ideias nunca realizadas e que nunca ninguém me fez idealizar. Fui seguindo em
direção à rua que dava acesso ao parque, sendo a mesma em que o rapaz se
dirigiu. O parque era muito pouco visitado pela população, tinha muitas árvores
e matos, e apenas alguns trechos limpos para caminhada, mas é lindo!
Chegando a rua, não mais o vir, já
me sentia um pouco decepcionado pela ação, talvez tudo que eu pensei fosse algo
da minha imaginação, talvez fosse algo que quisesse tanto que comecei alucinar.
Será?!
Mas, era tão real o seu cabelo
crespo alto um pouco cacheado, sua pele que se assemelhava a minha, seus olhos
pretos, seu sorriso com uma delicadeza... Será tudo imaginação?!
Contrariando as minhas próprias dúvidas,
resolvi seguir e adentrar cautelosamente pelo parque. Inesperadamente vi algo
que chamou a minha atenção de onde eu me localizava, vi apenas um ponto
branco... Rosado... Algo que se parecia muito com a camisa que trajava aquele
rapaz até então, desconhecido para os meus olhos. E fui em sua direção.
Ao chegar mais próximo, meus olhos
estavam me mostrando que realmente era real, era aquele rapaz que eu vi, nada
de ilusão, e ao adentrar na clareira ele estava em pé, apoiando-se em uma árvore
de Alfarrobeira, olhou-me apenas por mais uma vez e direcionou o rosto em
direção onde aconteceria mais adiante o pôr-do-sol. Eu estava trêmulo, sem voz
necessária, e isso nunca havia me faltando antes com as garotas, mas, com ele
estava sendo tudo diferente... mais vivo para as minhas próprias emoções e
sentimentos.
Estava eu paralisado, e ele foi em
direção a um pequeno banco da clareira, que estava virado diretamente para as
montanhas, e para o melhor, o pôr-do-sol. Ele sentou-se, virou a face em minha
direção, sorriu e voltou-se a olhar para frente, enquanto que eu demostrava dúvidas,
incertezas e o medo de algo nunca sentido e feito antes. Ele me olhou novamente
sorridente e virou sua face para baixo, olhava talvez as formigas e ou apenas a
folhagem, as gramas e os matos pequeninos.
Então, criei coragem e fui sentar-me ao seu lado, e cabisbaixo que
estava, olhava levemente o seu sorriso bobo ao tempo em que apertava as minhas
mãos uma contra a outra e sem saber o que dizer ou onde apoiar as mãos.
Sorriamos levemente, eu olhei em
seus olhos e ele invadiu os meus. Rapidamente ele apoiou a sua mão levemente
sobre o meu joelho em sinal de permissão, e eu permitia. Ele virou-se em minha
direção e eu à dele, e sem palavras, nossos corpos dialogavam como a voz e os
seus instrumentos em uma linda e perfeita canção. Estava sendo mais que
perfeito, e ao tocar levemente a minha face com sua mão direita senti que fluía
do meu corpo e do palpitar do coração, nobres e singelos desejos e um carinho
nunca recebido. A sua mão permitia que navegasse pelo meu corpo, e assim ele o
fazia, descia carinhosamente pelo meu pescoço, escorregava até meu peito,
escorria até meu umbigo e só descia a sua mão enquanto que algumas partes do
meu corpo se avolumavam.
Mais que rapidamente, ao suspirar
do meu corpo, parecia que era apenas um os nossos corpos. Ele já sentado em
cima de mim em posição de joelhos dobrados ao colo, acariciava a minha face, me
beijava lentamente e eu a ele, e a todo o momento os nossos olhos se
entrecruzavam. Ao colocar sua face ao lado da minha, ele escorreu as sua mão em
minha cintura e começou lentamente acariciar o meu corpo e mais lentamente a retirar
a minha camisa, e sorriamos enquanto os nossos beijos por varias vezes
estalavam.
Nossos corpos dialogavam e
dançavam uma linda melodia.
Levantemos do banco em que
estávamos e o levei até a Alfarrabeira, o encostei lá, o recostei de costas
para mim, comecei a beijar o seu pescoço, a sua nuca, e como também ele fez
comigo, descia a mão até a sua cintura e levantei de forma a retirar a sua
blusa. Com suas costas viradas para mim, deixei toda a humidade de minha língua
escorrer pelas suas costas, ao tempo em que ele se arrepiava e gemia, e
enquanto ele gemia, retirei a sua bermuda acolchoada, sua cueca box, deixando
pelado diante da árvore e da sagacidade que eu desejava.
Os pássaros cantavam, nossos corpos
dançavam e gemiam juntos enquanto que eu estava em seu mundo e ele no meu, em
que os nossos corpos estavam colados, o vento parecia quente, e o pôr-do-sol
chegava, e continuávamos a dançar com os nossos corpos. Quando tudo parecia
terminado, cheio de desejos o rapaz pediu para adentrar o meu corpo, e eu em
soma de desejos, permiti. Como se fosse, e era a minha primeira vez, sentir um
incomodo, mas de tanto desejo, de tudo como bom estava sendo, eu só queria
mais, e não olhava mais para o pôr-do-sol, a Alfarreira era minha visão atual e
a face do rapaz o meu conforto que escorria sobre o meu pescoço, e o que
penetrava em mim, eu só queria mais.
O pôr-do-sol foi-se embora, e com
ele naquele espaço, deixávamos esvair de nossos corpos os nossos desejos, o nosso
gozo, de forma que adubávamos o ambiente, o êxtase de prazer foi ultrapassado.
Ele, novamente sem me dizer nada, juntou os nossos corpos suados e me beijou
mais uma vez.
-Qual o seu nome?! Perguntei.
Mas, sem qualquer resposta, ele
apenas sorriu para mim, vestiu-se e foi embora. Eu indo ainda me vestir,
demorei de colocar a minha roupa, e quando fui o procurar não mais o encontrei.
Mas, senti certo desconforto no bolso de meu short, era uma tira de papel
dobrada, mas, não tinha como ler, estava ficando muito escuro, então sai do
parque e fui em direção a minha casa. Ao chegar, fui diretamente para o quarto,
peguei o papel e li, era um nome e telefone. Apesar de estar maravilhado e
feliz, pensei se ligaria ou não.
Resolvi então pegar o celular e
mandar uma mensagem, já que para mim foi uma experiência única e fantástica, e
assim o fiz. Não sei dizer se era o inicio de um romance ou apenas uma
aventura, mas foi assim que aconteceu.
Jameson
Brandão
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