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Mostrando postagens de julho, 2016

A Assassina de Lufi (conto)

Jameson Brandão        Meu Deus. Foi emboscada. Armaram a rede e ele caiu. Foi levado como bicho, dentro de um mero cubículo, mal respirava, e quase nada falava. Se falasse não entenderiam. Eram os três mafiosos.         Podia ser um dia simples, mas foi ai que Paulo, Júlio e Marlene se revelaram.         Depois de capturarem o bandido, andavam alegremente pelas ruas, pelos bares, pelas mercearias julgando ser um prêmio o que conseguiram. Mas Marlene ficou em casa, era sua obrigação massagear o prisioneiro. Assim ela o fez. Marlene se recuou em um cômodo de sua casa, procurou à navalha mais afiada, a faca sem “dentes”, tudo que pudesse facilitar quando ela começasse a tortura, o prisioneiro não podia gritar, essa era a regra um, a dois é não sair vivo.          Dificilmente Marlene recebia visitas, então a casa dela se tornou o melhor lugar.         O prisioneiro encontrasse parado onde a deixou amarrado pela mesma rede que o emboscaram. Seus olhos não piscam, isso porque

Observação (poema)

Jameson Brandão Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, As pombas a minha volta, E os calangos a correr a minha vista. Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, O capim amarelo, E as rolinhas sem brilho. Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, A lagoa secando, E o bem-te-vi ainda mudo. Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, Os sapos na lama, E a nascente acabando. Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, O barro vermelho, E as arvores em holocausto. Na estrada tudo seco, Mas ainda vejo, O homem matando, Sem pensar no futuro. 

Canta Piaf (poema)

Jameson Brandão "NON, JE NE REGRETTE RIEN" NÃO, NÃO LAMENTO NADA Canta Piaf, Não posso esquecer se ela me marca, nos sonhos, no dia, na noite e em tudo. Canta Piaf em seus últimos momentos, forçou a vida a abençoa-lhe mais um pouco, esquecer de quer? Lembrar de que? Era Piaf. Cantou! Mas pagou com a vida, a apoiar-se nos pianos, as dores voltaram, mas eu amo, mesmo com morfina, eu amo. Piaf não me deu lagrimas, mas busquei em seu olhar as suas ultimas, era o que ela sabia, era simplesmente, a despedida. Como em ultimo, declamava a voz forçada, mas como em ultimo, foi assim. Os gaviões já esperavam a sua caída, queriam registrar os últimos de Edith, mas Piaf cantou: "Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Nem o bem que me fizeram Nem o mal, isso tudo me é bem indiferente! Não! Absolutamente nada Não! Não lamento nada Está pago, varrido, esquecido Que se dane o passado! Com minhas lembranças Acendi o fogo  Minhas mágoas, meus prazeres Não p

Sistema da Terra (poema)

Jameson Brandão De cá do alto eu vejo: As casas miúdas, Sem reboco sem passeio Sem arvore e sem pedreiro. As pessoas gigantes se movimentam, Inquietas com o sol E mais ainda pelo trabalho, Jugando assim, o suor derramado.

Boa Noite (poema)

Jameson Brandão Povo ingrato... Só por causa da sandália não me saudaram, gosto dessas baratinhas de "9 e 90" e só por causa disso! Cadê o boa noite? A ignorância e o preconceito simplesmente reinaram.

Lagoá na Lagoa (poema)

Jameson Brandão Lagoando na lagoa, Lagoa esta com águas turvas E cristalinas nas margens, A sua volta o vento balança o capim, É quando sinto a calma. É o frescor da alma, Da lagoa ainda observo Talvez seja o agora Ou o branco em cima da água O reflexo de minha alma. A volta ainda encontro Rosas, Lírios, São João E as lindas flores da madrugada Que o seu brilho dure Que as flores não murchem E que meu coração ainda sinta paz e alegria Do pequeno lago e das flores que o cercam. Porque sei que dói Em minha alma o desgosto da morte Dos meus primeiros sentimentos. Ainda vejo o vale a refletir sua beleza, Como em oceano verde O pequeno corcel a passear calmamente a minha volta Que o perigo do dia e a sorte da noite ainda me permitam escrever.

Medo do Café (poema)

Jameson Brandão Meu Deus, ela vomitou. O que eu tanto gosto fez um mal, atingiu quem não devia, que raiva deste, mas mesmo assim o amo, da mesma forma que amo a quem ele atingiu. Ver sua face esbranquiçada, os esparmos que quase se pula, a regurgitação do preto, mas me lembro do meu pai, já avisou a ela sobre o café, mas mesmo assim ela insiste. -Pensei em tomar o café antes de teu pai chegar, e ele chegou bem na hora que eu tomava, me pegou no flagra (risadas) E agora de que lado fico? Já sei, tenho a solução, café com cafeína pra mim café descafeinado pra mainha, assim ficamos bem e tomo meu preto de todo dia.

Vale da Lagoa (poema)

Jameson Brandão Estou em paz A dançar com o vento E meditar com a paisagem. Estou de qualquer forma A filosofar com o vento, Ao sair e vagar pelas dunas Respirar o ar selvagem. Galhos secos indomáveis Hoje tudo busco Ou qualquer coisa, Quero apenas os versos Da lagoa que me observa.

A Palavra de Adélia Prado (poema)

Jameson Brandão Hoje estou igual a Adélia Prado, Vou abrir a palavra e escutar: "Como você é linda minha querida! Ah, como você é linda! Seus olhos, por trais do véu, são como olhos de pombas.  Os seus cabelos caem sobre seu rosto como um rebanho de cabras descendo pelos morros de Gileade". Cântico dos Cânticos 4:1

Um outro dia, que o próximo seja o agora (conto)

Jameson Brandão   Hoje está chovendo. Está um frio tão gostoso, e eu aqui em casa a tomar do café de minha mãe e me deleitar nos sonhos que o calor da minha cama e rédea de meu cobertor me deixa vivíssimos para o outro dia. Mas custo a imaginar eu e o mundo. Lembro-me quando viajei de ônibus, estava um dia como hoje, chovendo, fazendo um frio parecido com este, só não era este porque a sensação gostosa da viajem não me deixava perceber. De dentro do ônibus ou de dentro de casa, sinto-me aquecido. Mas mesmo com tanta mordomia, mordomia essa não de luxo, mas sim o de ter ao mínimo a casa onde se abrigar e o cobertor para se embrulhar. A rua está cheia de maldade, se estou em casa não a vejo, pela janela dos ônibus, só um pouquinho. A realidade é mais do que isso, estou no conforto do meu lar, do anto dos amigos da família, e hoje, porque hoje? Porque não antes do hoje? Em outrora talvez! Não, não em outrora ou no futuro, quero viver e sentir como eles sentem, aqui hoje e agora no p

Sanitário do amor (poema)

Jameson Brandão E eu peguei o copo Com a substância cerrosa. A que ele me deu, Aproximei-o da boca, Bebi tudo, agora esperar a morte. Agora serei uma nova pessoa Posso viver sem aquele canalha. Já está funcionando, Meu estômago já se manifesta algo diferente. Morrerei agora no sofá, Vou deitar a cabeça e morrer. Hum! Que dor de barriga! Deixa-me cheira esse copo, Mas, que canalha, Trocou meu veneno por um laxante, Agora vou namorar o vaso  o dia todo.