22 de Novembro. Era para ser um dia de consciência, mas se tornou um dia de ódio, um dia de ofensa para um povo. Por: Jameson Brandão
22 de Novembro. Era
para ser um dia de consciência, mas se tornou um dia ódio, um dia de ofensa para um povo.
Por: Jameson Brandão
Preto! Essa é
minha definição de cor, e desculpe–me leitor, não vou agradar a ninguém, pois
as dores somente os pretos sabem, a tristeza, somente os pretos sabem, mas, se
pensa que isso é motivo de regressão, não, isso é um tiro para rebater, é uma
resistência, é uma força e memorias de nossos ancestrais. Reverencias a Zumbi
em memorias e trajetórias, reverencia a Conceição Evaristo, uma matriarca,
reverencia a Cidinha da Silva, que muito me ensinou e tem em vida a nos
ensinar. Reverências.
Dia 22 de
Novembro de 2017, este foi um dia que me senti triste, muito ofendido, em uma
semana que falamos da Consciência Negra, a sociedade continua cega e ainda
hipócrita. Já passou da hora de eliminar o preconceito, o racismo, a homofobia,
e todas as formas de ofensas, aliás, nunca deveria ter sido criado essas datas,
éramos para sermos uma “sociedade”, sermos “cidadãos”, mas você pode está
pensando, “ele ainda é muito esperançoso!” mas, a questão não é essa, a
hipocrisia que falo está dentro dos lares, dentro das instituições publicas,
privadas, comuns, e principalmente as familiares.
Eu amo o Preto,
que Carolina Maria de Jesus fala ,demostra, inspira e me traduz, eu sou o
preto, o preto que carrega com orgulho a sua pele dentre tantas outras
contrapondo a sua, o preto, que carrega seu cabelo ancestral e que marca o
território e insere a resistência e a força do povo, do meu povo, do nosso
povo, e não me venha com essa de “cabelo ruim”, “cabelo duro”, e um dos piores
chamamentos ridículos e preconceituosos, o chamar de “cabelo de bicho”.
Este ultimo, o
chamar de “cabelo de bicho”, foi o que sofri no dia 22 de Novembro, e isso, não
me faz exclusivo, me faz mais uma vitima do racismo, do crime de ódio que
tantos irmãos meus e seus estão por ai, morrendo, sofrendo, sendo julgados,
enganados e mudando de casa, agora os negros ocupam o presidio como se lá,
fossem a sua casa, e qual o seu crime? Responda-me “seu branco safado”, qual o
crime? Nascer preto e de cabelo fora dos seus padrões, nascer preto e não te servir,
é isso? Qual foi o nosso crime? Nascer...?
No dia 22,
trabalhando como todos os dias, me deparo com uma situação, sabe qual foi? Nem
acreditei quando ouvi, custei realmente a acreditar, mas uma mulher, branca,
loira, chegou em meu trabalho e me chamou de “cabelo de bicho” custo a pensar
onde está este bicho que ela vê, o nome... é racismo. Ela com seus problemas,
vê no preto um objeto seu, como se nós fossemos propriedade, hipócrita! Chega!
Em uma semana de consciência, cadê? Sabe qual é a maior desculpa para o racismo, para o preconceito e
para a discriminação? –eu estava fazendo apenas uma brincadeira, não fiz por
mal, eu não sou racista e nem preconceituosa, na minha família tem negros,
brancos, amarelos, azuis e pode perguntar as pessoas, todo mundo gosta de mim,
todo mundo me conhece, sabe que eu não tenho besteira com isso!
A verdade é que
isso não me convence, te convence? O povo Preto, sabe a dor das tais brincadeiras, das tais resenhas dos tais
“amigos”, e ainda pior, quando é o preto que passou por lavagem cerebral é o
agressor, isso mostra o quanto estamos evoluindo, uma evolução miserável e
cretina. Certas vezes, me perguntaram se eu desejaria o mal dessa pessoa, não te escondo mais nada, a verdade é que eu
desejei a morte daquela pessoa, desejei que ela fosse preta por alguns
instantes ou passasse pelo que passamos, e ai sim, que ela sentisse o que
realmente é ser preto, em um pais da burguesia e dos brancos, aonde somente
algumas classes detém o poder aquisito do país e aumentando a pobreza.
São tantas formas
de discriminação e ofensas que observo, quando isso pode ser mudado? Isso! Pode
ser mudado hoje, agora, aprendendo com as nossas ancestrais, com as nossas
matriarcas, com a nossa historia, com a nossa trajetória de luta e o que eu
mais desejo, que cada um de nós, assuma as nossas identidades e retiremos o véu
que nos esconde, que não nos traz afago, mas que a minha identidade seja mais
que orgulho, seja lutas, resistência, seja o contraponto que a sociedade
deseja.
Quando me
perguntarem se ser preto é bom, responderei que é maravilhoso, e por ser tão
maravilhoso, é que tentam a todo momento nos diminuir, para que talvez um dia,
eles assim,, possam crescer.
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